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Tim Maia [Resenha do Filme]

De modo geral, tudo o que o livro de Nelson Motta, “Vale tudo: O som e a fúria de Tim Maia”, tem de fabuloso, o filme deixa a desejar. E a culpa está longe de ser dos atores que interpretam Tim Maia, antes pelo contrário. Robson Nunes e Babu Santana que, respectivamente, o interpretam, jovem e mais velho, são ótimos na hora de xingar pessoas a la Tim Maia. O que realmente não ajuda é o roteiro.
Personagens foram subtraídos (músicos, esposas, amigos…), cenas que mereciam mais espaço ficaram mínimas e vice-versa. Ok, eu sei que não há espaço para colocar tudo e, muito menos, todo mundo. Além disso, como disse Carmelo Maia, filho de Tim, “o filme é do Tim Maia, e não de quem fez parte da vida dele”, mas a repetição dos mesmos rostos acaba por ficar cansativa em mais de duas horas de filme.

De início, gostei da proposta de narrativa e o resgate da infância, mas em seguida percebi o desvalor à turma da Tijuca. Erasmo Carlos, que era amigo de infância de Tim, praticamente mal aparece, enquanto Roberto Carlos é, além de mal-interpretado, mal-retratado. O Rei da Jovem Guarda foi retratado como um esnobe, quando na verdade deu espaço para Tim no programa que comandava, apesar de não ter feito sucesso na época. Além disso, a forma com que Tim reencontra Roberto foge ridiculamente do real. Na verdade, Tim invadiu a garagem do prédio de Roberto e esperou até que ele chegasse, quando o atacou e foi bem recebido pelo amigo de juventude. No filme, Tim faz vigília no estúdio da Jovem Guarda e, depois de muita espera à toa, consegue invadir o local e é tratado quase como um mendigo por Roberto. Minha pergunta é: qual é o objetivo dessa falsa retratação?

Momentos fantásticos descritos por Motta, como a composição de “Azul da cor do mar”, a destruição do escritório do diretor da gravadora junto com Rita Lee ou a indignação de Tim ao saber que foi enganado por seu guru Racional, aparecem sem que possam ser chamadas de interessantes, que dirá fantásticas. É investido tempo demais vitimizando Tim enquanto sua personalidade forte e seus momentos de sucesso passam praticamente despercebidos. Em resumo, todo o som e toda a fúria que Nelson Motta descreveu, inexistem no filme. A figura de Tim Maia está ali, mas não sua personalidade.

Pode ser um filme interessante para quem pouco conhece de Tim Maia, mas que não deve ser levado como uma fonte magnífica. Mais que sugiro a leitura do livro de Nelson Motta e, pra quem quiser uma forma mais rápida e fiel de conhecer o síndico (apelido dado por Jorge Ben Jor – que nem sequer é citado no filme), o especial da Globo “Por toda a minha vida”.

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Título: Tim Maia
Duração: 140 min.
Gênero: Drama/Biografia
Classificação: 16 anos
Direção: Mauro Lima













Na Nossa Estante

View Comments

  • kkkkkkkk não conheço bem a história do Tim Maia, mas sabia que ele era amigo do Erasmo e do Roberto porque meu pai contava uma história que ele ouviu de que a mãe de Tim fazia quentinha pra fora e ele tinha que entregar, só que uma dessas entregas que ele fazia para o Erasmo ele mesmo comeu kkkkk e foi flagrado pelos dois músicos com a boca na botija.

  • Oi Ana. Não vi o filme e nem li o livro, mas pela dica que você deu já vi que é melhor ficar longe da adaptação e preferir o escrito mesmo! Quase sempre é assim. Adorei o post e sua sinceridade. Bjoks da Gica.

    umaleitoraaquariana.blogspot.com

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