Categories: Uncategorized

De volta para casa – Até onde é possível apagar as lembranças? [Resenha Literária]

Livro: De volta pra casa
Autora: Karen White
Editora Novo Conceito
Quando li a resenha na Saleta de leitura eu achei que o livro iria me interessar, mas quando eu li a resenha completa eu tive certeza! Eu só não sabia que o livro mexeria tanto comigo e já fazia muito tempo que um livro não fazia isso, talvez porque eu fuja de dramas como o Diabo foge da cruz!
Cassandra Madison, conhecida como Cassie, saiu de casa aos 20 anos e nunca mais voltou depois que seu grande amor, Joe, fugiu com sua irmã mais nova, Harriet. Porém, 15 anos se passaram e com a iminência da morte do pai, Cassie precisa voltar. Na verdade, não é apenas voltar e sim enfrentar um turbilhão de emoções e acontecimentos que ocorrem em sua vida desde que ela deixa a segura Nova York: enfrentar a irmã, agora casada com Joe e com 5 filhos, reinventar o seu relacionamento com ela e com o agora cunhado, aprender lidar com os sobrinhos que nunca viu, principalmente Maddie, a sobrinha mais velha (idêntica a tia), descobrir o grande segredo de seu pai, enfrentar a grave doença da irmã, vender uma casa que não quer e ainda descobrir que Sam Parker – o antigo e despercebido colega de infância, atualmente “macho gostoso” e médico da cidade – sempre a amou e ainda a ama! Muita coisa de uma única vez para a pobre mulher!
Cassie sai de casa para se fechar em um novo mundo, longe daqueles que a traíram. Assim, ela se torna uma profissional excelente, bem-sucedida e noiva de seu chefe. No entanto, no fundo, Cassie continua sendo a mesma garota de antes e é por isso que ela teme ficar em Walton. Cassie odeia expor seus sentimentos, sua vulnerabilidade e apesar dos 35 anos às vezes se parece com uma menina de 20, com atitudes de uma garota de 20 e com toda a teimosia da idade. Não é fácil lidar com a irmã, o perdão e perceber que sua vida poderia ser bem diferente se ela não fosse tão teimosa. Cassie e Harriet perderam a mãe quando ainda crianças e Cassie foi aquela que ajudou a irmã a superar a morte, a ser firme e forte nos momentos mais difíceis. Foi aquela que fazia milhões de travessuras para chamar a atenção de todos, que tinha que lidar com a fragilidade e beleza da irmã. Por fora era uma casca dura, mas por dentro era apenas uma garota insegura, que ao ver seu grande amor fugindo com a irmã, se desintegra e se quebra de vez! Bastante compreensível, diga-se de passagem, eu no lugar dela também teria ido embora.
Joe e Harriet se amam tanto que confesso que é bem difícil odiá-los e é possível ver a dor de Harriet por ter a irmã longe por tantos anos. Já Sam Parker é um daqueles personagens que a gente suspira do inicio ao fim, bonito, generoso, bondoso, apaixonado e muito persistente. Na ala infantil temos Maddie que idolatra a tia que nunca conheceu e possui toda a complexidade que um adolescente tem! Já seus irmãos são adoráveis pestinhas! Além do núcleo principal, temos os agradáveis coadjuvantes como a tia Lucinda e D. Lena, a velhinha que lê romances eróticos.
O tema “perdão” é um tema que me identifico muito, já que sou uma pessoa muito rancorosa, por isso, minha identificação imediata com Cassie, mas devo dizer que ela lida bem com a situação, bem mais do que eu lidaria. Talvez porque no fundo ela saiba que é verdade quando lhe dizem que ela ficou tanto tempo buscando alguém que não lhe pertencia, que acabou deixando de enxergar alguém que poderia pertencê-la. No entanto, não foi apenas por conta do perdão que o livro mexeu comigo, mas também por abordar diversos assuntos como a dicotomia entre a cidade grande e a pequena, família e trabalho, trocar o certo pelo duvido, resgatando valores familiares atualmente bem esquecidos, com personagens bastante humanizados, com defeitos e qualidades, como qualquer pessoa.
Apesar de todo o drama vivido por Cassie, “De volta para casa” tem momentos de leveza ímpar, com cenas divertidíssimas com as crianças e situações cômicas entre Cassie e Sam, quase como uma comédia romântica. E como se tudo isso não bastasse, Karen White desenvolve com proeza seus personagens e enredo, fazendo com que apesar do final poder ser óbvio, nem todos possuem o desfecho esperado!
Resumindo: um livro sensível, divertido, com personagens carismáticos daqueles que podemos encontrar em qualquer lugar, principalmente em uma cidade do interior.
Poderia dar 10000 “Harrys”, mas seguirei as regras dando apenas 5!
Nota:
Michele Lima
Na Nossa Estante

View Comments

  • Rancor. Isso é uma coisa que acaba com a pessoa. Infelizmente, acabamos por cair nessa por causa do sofrimento. Perdão é a cura para o rancor, se formos vem bem.

    Não sei porque, enquanto lia a sua resenha consegui imaginar como o livro é e isso é legal. Quem sabe não aparece na minha lista de desejados??

    Até a próxima!!

  • Eu vou ler esse livro... e já vou separando lencinhos, não sei porque acho que vou precisar... A parte isso, esse tema de perdão, namorados roubados, fragilidades desrespeitadas mexe muito comigo, mas não porque eu seja rancorosa, mas porque precisei passar por algo assim... e sei que não é fácil perdoar... não é mesmo.

    Cheros, Mi. Essa foi uma resenha muito sensível.

  • Uau... Fiquei BEM curiosa para este livro.
    Já tinha visto alguns blogs falarem sobre ele, mas nunca tinha me interessado em saber mais, mas agora mudei um pouco de ideia. Gosto de livros em que eu precise de lenços, e estou precisando ler algo assim ultimamente.
    Adorei a dica.
    Beijos,
    Yasmin
    deitadosnagrama.blogpsot.com.br

  • É muito bom quando não temos muitas expectativas com relação a algo e ela nos surpreende. Isso acontece muito comigo em filmes. Vejo a arte, leio a sinopse e vou assistir pensando que vou largar nos primeiros dez minutos, mas me pego indo até o final e ficando triste porque acabou. Quanto ao livro da sua resenha, eu não conhecia e pelo que você disse, parece ser bem bom. ;-)
    -Distante do Sol-

  • Tenho esse livro aqui em casa es fico louca para ler...parece uma história muito boa, a capa é linda. Realmente tem tudo parar ser um livro maravilhoso.
    Bloody Kisses
    Monólogo de Julieta

  • Lendo sua resenha, eu diria que minha personagem favorita é a D Lena. Velhinhas taradas tendem a ser divertidas.

Share
Published by
Na Nossa Estante

Recent Posts

Divertida Mente 2 [Crítica]

Eu sei que a Disney não tem entregado seu melhor nos últimos tempos, principalmente em…

2 dias ago

Do Fundo da Estante: Meu Primo Vinny [Crítica]

O Oscar de atriz coadjuvante para Marisa Tomei por Meu primo Vinny (1992) é considerado…

4 dias ago

Um Lugar Silencioso: Dia Um [Crítica do Filme]

A duologia de terror misturada com elementos de ficção científica Um Lugar Silencioso do diretor…

6 dias ago

O Mundo de Sofia em Quadrinhos (Vol.1) [Crítica]

O mundo de Sofia é um clássico da literatura que eu não li e queria…

1 semana ago

Bridgerton – Terceira Temporada- Parte 2 [Crítica]

A segunda parte da terceira temporada de Bridgerton começou com muitas polêmicas! Eu li os…

1 semana ago

Do Fundo da Estante: Quinta-feira Violenta

O produtor, diretor e roteirista californiano Skip Woods fez em Quinta-Feira Violenta (Thursday no original)…

1 semana ago

Nós usamos cookies para melhorar a sua navegação!