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Sobre o Haicai! [Devaneios Literários]

A Wikipédia define haikai da seguinte forma:

“Haikai (俳句, Haiku ou Haicai) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas). Em português é escrito Haicai, no Brasil, e Haiku, em Portugal.
Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo.”

Minha relação afetiva com essa forma poética vem sido construída a partir da leitura do livro Shogun de James Clavell em 2009, uma relação um tanto insipiente se comparada a do Pedro que escreveu um texto muito fofo sobre o tema, o qual compartilho:

De poema melancólico para Haicai, será uma evolução?
Meu poema (Haicai):

Do pó e do espírito:
dez anos se passaram
Restou a memória e o contraste
É inevitável registrar um poema.

É um tanto fajuto, que dizer: é bem fajuto mesmo. Só fica legal dentro do texto que eu escrevi, mas mesmo assim haicai é que nem arte abstrata: é impossível (o quase impossível dizer se é bom ou ruim). mentira, é mais difícil dizer quando é bom, mas avaliar um haicai como porcaria é fácil fácil. Isso mostra o quanto é difícil escrever um destes competentemente ao contrário do que pensam os burajirojin. XD Me lembra um haicai que de tão ruim gravei na cabeça que era esse daqui:

“Um coelho se esconde no mato
Oculto, vejo seus olhos vermelhinhos.
Outono nos olhos do coelho.”
(Autor desconhecido)

O meu não se enquadra nas regras formais de um haicai, mas pelo menos não é tão ruim quanto este segundo do autor desconhecido. Lembro que me distribuíram esse poema de graça em material reciclável. Era um senhor tentando vender o poema. Eu deveria ter uns 14 ou 15 anos. Eu não lembro ao certo. Essas datas sempre são arriscadas. O que eu lembro é que meu pai tirou o poema e o livro da minha mão e entregou de volta ao suposto autor e se recusou a dar qualquer contribuição e me disse que era ruim. Engraçado porque eu não avaliei ele como ruim pelo fato de estar encantado com a forma.
Acredito que, talvez, eu tivesse uns treze anos quando isso aconteceu, afinal, eu estava assistindo animês em massa na época pela extinta rede locomotion de televisão e estava absolutamente encantado com qualquer coisa japonesa. Para falar a verdade o fetiche com Japão não é originariamente da locomotion ou da japanholic e nem da manchete: é algo que me acompanhou pela vida e eu fui indo atrás.
Ser “otaku” antes de virara essa asneira: isso sim é ser hipster. Quer dizer: eu usaria isso se o termo não fosse tão depreciado, mas ter interesse pela cultura japonesa, especialmente a animação sempre foi uma constante. Isso eu não acho feio por mais que muitas pessoas tenham preconceitos e concepções extremamente preconceituosas com relação ao Nihon. Gente informada e bem instruída, mas isso é assunto pra outro texto.
Na Nossa Estante

View Comments

  • Confesso que faz pouco tempo que soube o que significava esse termo. Lia, via e não sabia o que era. E vi não sei onde. Como não sou uma apreciadora de poemas não sei diferenciar todas essas coisas... Mesmo assim acho bem legal o modo que é feito. E gosto muito da cultura do Japão
    beijos
    Adriana

    • Que curioso isso: pensei que com tantos esforços da associação Japonesa de divulgação do haicai no Brasil o poeminha de 3 versos fosse mais famoso por essas terras. Digo: é uma forma bem estereotipada, satirizada e copiada. É um dos tipos mais curioso de poesia justamente por ser curto e retratar em geral as estações do ano ou fatos e acontecimentos cotidianos. Não sei exatamente a origem do Haicai, mas ele data de antes de 1100 (Era Heian no Japão) e é derivado de uma forma chinesa milenar cujo tamanho era de 4 linhas (versos) uniformes. isso até onde eu saiba. Eu sou um apaixonado por poesia. Leio até épicos. Engraçado que não tenho tanta paciência pra prosa: consegui ler a Ilíada, mas ler Os irmãos karamazov foi algo além do meio feitio. Falando nisso: aquele volume de os miseráveis precisa de um trato. É muito bom ver gente apaixonada por literataura. Adoro trocar figurinhas com quem lê. Independente de gênero e do que leia. Não leve à mal ter citado esses clássicos foi mais para poder trocar figuras com quem anda lendo. Aliás, é ótimo ver que tem gente que ainda considera literatura algo que faz parte do nosso dia a dia e não o mofo das bibliotecas.

  • Apesar de amara animes, mangás e a cultura japonesa eu pouco conheço sobre os Haicais, por isso acabei gostando bastante do texto!

    Bjs

    • Então Michele, eu só conheço alguns haicais feitos pro brasileiros mais uns de uma antologia que comprei em inglês faz oito anos já. E eu só conheci os haicais originais porque sei ler em inglês. O número de obras e autores traduzidos desse tipo de poema no Brasil é escasso demais. Só os concretistas que traduziram alguns como o Sapo pula no lago,

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